Se eu fosse um concurseiro - George Marmelstein

Estratégias efetivas de aprendizado não se resumem apenas à acumulação de conhecimento; elas envolvem o desenvolvimento de um sistema que possibilita a melhoria contínua. Estabelecer metas claras pode ser benéfico, mas fixar-se excessivamente nesses objetivos pode levar a uma frustração constante. Em vez disso, adotar um sistema que visa sutilmente essas metas, priorizando o crescimento pessoal e aprimoramento, pode ser muito mais propício ao sucesso. Considere o processo de preparação para exames públicos. Os regimes de estudo ótimos evoluíram significativamente ao longo do tempo, principalmente devido aos avanços tecnológicos e ao aumento da acessibilidade aos recursos educacionais. Hoje, exames simulados e estudos baseados em bancos de dados são partes integrantes desse processo de preparação. Esse conceito se estende também ao desempenho físico. Como um corredor de maratona se preparando para competições como o Ironman, há uma clara conexão entre as disciplinas cognitivas e físicas. Performances cognitivas e atléticas de alto nível compartilham elementos comuns, invocando um estado de ‘fluxo’ — uma concentração profundamente imersiva que aprimora a aprendizagem e a performance. Esse estado não é governado pela vontade; ele emerge subconscientemente. Reconhecer e aproveitar esses momentos pode maximizar a eficiência do aprendizado. Além disso, a autoavaliação é vital para avaliar a aplicação efetiva dos sistemas de estudo em vez de ser uma aderência arbitrária a metas estabelecidas. Paralelamente, entender os princípios dos esportes de resistência pode oferecer insights para o desenvolvimento cognitivo de longo prazo. As etapas do treinamento de resistência — treino base, treino específico, desafio e recuperação — são análogas às etapas de preparação para exames. Em ambos os cenários, desenvolver um sistema sustentável que promove um progresso constante e incremental é chave. Para tarefas cognitivas, essa abordagem pode ser adaptada para alinhar-se a um ciclo anual, onde o treinamento base pode envolver o estabelecimento de hábitos de estudo sólidos e conhecimento fundamental. O treino específico poderia então introduzir materiais mais complexos e desafiadores, culminando em um período de desafio. Tal período permite a recuperação mental e os preparativos finais antes de um exame, assim como um atleta reduz a intensidade do treino físico antes de uma corrida. Por fim, a importância de se envolver com o material de uma forma prazerosa e significativa não pode ser exagerada. Se o processo de aprendizagem se tornar uma fonte constante de tristeza e aversão, a sustentabilidade é comprometida. Em vez disso, abraçar a jornada e integrar os hábitos de estudo ao estilo de vida pode fazer com que a busca por objetivos se torne uma parte gratificante e integral da vida — um sistema para crescimento e aprendizagem constantes para além da sala de exames.

A jornada de aquisição de conhecimento e perícia, seja para estudos acadêmicos, exames profissionais ou crescimento pessoal, vai além da simples absorção de informação. Ela envolve a integração deliberada de estratégias cognitivas que se alinham a um sistema de longo prazo para aprimoramento ao invés de alcançar metas de curto prazo. A mudança de estabelecer uma miríade de metas para a criação de sistemas robustos não só minimiza a frustração como também fomenta progresso consistente e adaptabilidade. A preferência por sistemas em vez de resultados específicos é epitomizada no adágio: “Perdedores têm metas; vencedores têm sistemas.” A aplicação consistente de um sistema bem elaborado garante o progresso e pode proteger contra o desencanto perpétuo de expectativas não atendidas. Scott Adams enfatiza esse contraste, ilustrando a diferença entre focar em uma meta de perda de peso versus adotar um estilo de vida saudável sustentado. Da mesma forma, ao estudar para exames ou cultivar um conjunto de habilidades profissionais, é o compromisso com um sistema — uma rotina — que conduz ao sucesso.

Aplicar este pensamento sistêmico ao domínio do desempenho cognitivo e físico revela semelhanças impressionantes. O estudo de performances cognitivas e físicas de alto nível, especialmente no contexto de eventos de longa duração, demonstra a utilidade de adaptar metodologias empregadas no atletismo para esforços cognitivos. Atletas de resistência física dependem de uma estrutura de treinamento periodizado, que inclui treino base, treino específico e desafio, todos aplicáveis, de forma análoga, ao crescimento intelectual. A construção cuidadosa do estilo de vida para nutrir esses elementos — do gerenciamento de tempo e controle de atenção à incorporação de rotinas úteis — pode levar a um impacto profundo nas habilidades cognitivas.

O conceito de fluxo — um estado de foco e imersão ampliados — destaca-se como um fator influente no desempenho. Originado de um engajamento intenso com a tarefa em questão, o fluxo exemplifica o ápice da presença cognitiva. Embora seja evasivo, o fluxo ocorre quando as habilidades de uma pessoa estão totalmente sincronizadas com o desafio enfrentado, levando a condições ótimas de aprendizagem. Para facilitar tais estados, os indivíduos devem se esforçar não só para criar ambientes propícios ao fluxo, mas também para aproveitar agressivamente seus benefícios quando presentes.

Na constante busca por crescimento, o papel da autoavaliação torna-se indispensável. Ao invés de uma fixação na conquista de metas específicas, a autoavaliação atua como uma checagem intermediária, assegurando que os sistemas de uma pessoa estejam corretamente alinhados ao progresso. Monitorar a capacidade diária de foco, adaptação e superação de material progressivamente desafiador é o cerne dessa autoconsciência. Esse processo autorreferente garante um sistema de aprendizado dinâmico e responsivo. Crucialmente, a busca pelo conhecimento e a adesão inflexível a um sistema de aprendizagem devem ser inerentemente prazerosos. O prazer derivado da exploração e da maestria de novos conceitos e habilidades é uma força motivacional potente. Isso torna a jornada não apenas suportável, mas agradável. Por outro lado, estudar por meio de uma lente de sofrimento ou enxergar a educação como uma batalha árdua leva a práticas insustentáveis e, em última instância, prejudica o sucesso a longo prazo. Além disso, a implementação de um estilo de vida que integra esses sistemas de aprendizagem e desenvolvimento pessoal também exige a adoção radical do próprio processo. Um carinho pelos rituais diários de estudo, aliado a uma conexão genuína com o material, facilita uma assimilação mais profunda do conhecimento. Esse conceito está alinhado à visão filosófica de que a dor é um elemento inevitável do esforço e do crescimento, mas o sofrimento é, de fato, uma escolha. É uma escolha que pode ser mitigada por uma conexão profunda com a tarefa, tornando o processo de aprendizagem não apenas eficaz, mas também prazeroso.

Quando nos voltamos para as metodologias práticas, nos deparamos com várias técnicas que auxiliam na memória e retenção. Entre estas, a prática do recall ativo e da repetição espaçada desempenha um papel crucial. O recall ativo — visto em atividades como ensinar o material, escrever sobre ele ou aplicá-lo em diferentes contextos — muda a dinâmica da aprendizagem de uma absorção passiva para um engajamento ativo. Isso permite a reestruturação e solidificação da informação dentro do esquema mental de alguém. Além disso, adotar a repetição espaçada, não como uma fórmula rígida, mas como um sistema responsivo alinhado com o progresso auto monitorado, pode levar a uma maestria mais profunda e duradoura do material.

Essa abordagem da aprendizagem, repleta da integração do pensamento baseado em sistemas, da busca por estados de fluxo, autoavaliação e implementação do recall ativo e repetição espaçada, constitui uma pedagogia que pode oferecer não apenas sucesso em exames, mas uma vida enriquecida pelo aprendizado contínuo autodirigido. É uma abordagem que sublinha a jornada de realização pessoal através da aquisição de conhecimento e habilidades.

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